Diante dos fatos relatados anteriormente, é fácil compreender por que a Colômbia está dando a volta por cima. O desenvolvimento econômico vem-se sustentando em patamares progressivos: a economia cresceu, efetivamente, 3,9% em 2004, 5,2 em 2005, 6,4 em 2006 e, para este ano, estima-se um crescimento superior aos 7,5%. As porcentagens de violência simplesmente despencaram no país vizinho: a taxa de homicídios por cem mil habitantes passou de 63,3% (em 2000) para 37,3% (em 2006).
Desde 1993, taxa de homicídios caiu quase 80%, chegando a 17 por 100 mil
habitantes. Além de transporte público e ciclovias, capital investiu no ensino, tornandose o epicentro na América Latina da idéia de Cidade Educadora.
Luiz Angel Blandon, 38, ex-guerrilheiro das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), tem entre suas funções distribuir gratuitamente livros em pontos de ônibus de Bogotá. É um projeto chamado “Livros que voam”: o beneficiário precisa se comprometer a passar o livro adiante e exigir que o próximo a recebê-lo não interrompa a corrente literária. “Não fazia mais sentido ficar guerreando”,explica.
Personagens como Blandon são uma das explicações da redução da violência
que, apesar do notável avanço, ainda está longe do satisfatório. Como aceitou deixar as armas, Blandon entrou em um programa público de reinserção. Ganha um salário para ajudar a melhorar Bogotá, promovendo, entre outras tarefas, a corrente literária. Além desse ex-guerrilheiro, os livros também ajudam a explicar o avanço na segurança. “A cidade investiu, além do aprimoramento da repressão, em urbanismo combinado com educação”, afirma o sociólogo Jairo Arboleda, responsável no Banco Mundial, na Colômbia, pelo estímulo a parcerias comunitárias com o setor público.
Bogotá criou nos últimos anos uma rede de gigantescas bibliotecas em bairros
mais pobres, cujo papel primordial é recuperar o espaço público deteriorado e facilitar a convivência. O impacto visual dessas construções é semelhante ao dos CEUs, as modernas e amplas escolas públicas na periferia de São Paulo.
O acesso à rede de bibliotecas é facilitado por uma ciclovia de
e, mais importante, por um corredor de ônibus batizado de TransMilênio. A prefeitura se inspirou em Curitiba, com seus bi-articulados e o pagamento antecipado do bilhete feito em imensas e transparentes cabines na rua. A diferença é que, em Bogotá, o corredor não só levou transporte rápido e de qualidade às áreas mais distantes como se transformou em imensos calçadões para pedestres, alguns deles ajardinados ou com fontes de água. “É impressionante como o TransMilênio subiu a auto-estima dos moradores. Virou um motivo de orgulho coletivo”, afirma Arboleda.
A pergunta que ocorre naturalmente é a seguinte: se um país com uma renda per capita de US$2.740 (equivalentes a dois terços da renda per capita brasileira) pode fazer tudo isso, por que não podemos nós, no Brasil, fazer coisa semelhante ou melhor?
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