terça-feira, 8 de junho de 2010

COLÔMBIA: O MUNDO URBANO

A migração rural-urbana foi o fator principal para o aumento da população urbana. O crescimento urbano do país concentra-se principalmente nas cidades de Barranquilla, Cali, Medellín e Bogotá, áreas metropolitanas com mais de 500.000 habitantes em 1951.

A população urbana cresceu em função dos movimentos migratórios. O êxodo rural na América Latina deve-se em grande parte ao desequilíbrio econômico entre o campo e a cidade, principalmente após a 2ª guerra com o investimento no setor industrial e a baixa produção agrícola.

A Colômbia apresentou uma das mais elevadas taxas de urbanização da América Latina. A proporção da população vivendo em áreas urbanas aumentou de 31% para cerca de 60% entre 1938 e 1973.

Os centros urbanos colombianos, apesar de funcionarem como áreas de atração de contingentes populacionais rurais não apresentam condições de absorver a grande maioria desses refugiados.

Na teoria o termo refugiado é utilizado para identificar a quem se encontra fora do país onde nasceu, devido a temores concretos de ser perseguido por motivos de raça, religião, nacionalidade, por pertencer a um determinado grupo social ou por suas opiniões políticas. Contudo na Colômbia as pessoas são refugiadas por fugirem da violência e morte. Antes de tentar asilo em outro país, as pessoas buscam uma alternativa interna e se mudam para outro estado ou para uma cidade mais distante onde imaginam estar livres da guerra. São os desplazados, ou sem teto, deslocados.

As pessoas que se declaram deslocadas ou sem teto recebem ajuda emergencial do governo por um período de três meses, prorrogada por mais três meses, passado esse período não existe neuma política de integração econômica e social dos desplazados. Longe das grandes cidades onde se tem acesso limitado aos serviços de saúde, educação e moradia as mulheres e as crianzas sem teto são vulneráveis à violencia doméstica, ao abuso e a exploração sexual. As autoridades locais pressionam os desplazados para que retornem a seu lugar de origem mesmo quando as condições de segurança são precárias.

A população urbana que em 1965 compunha-se de 53% do total, em um processo crescente encontra-se em ascensão, somando em 2001 76% da população (4).

Um elemento chave para se compreender a escala do crescimento urbano da Colômbia é analisar a sua expansão; em dados de 2000 o país tem cerca de trinta e três milhões de habitantes, ocupa o terceiro lugar na América Latina com um crescimento inusitado, há dez anos Bogotá que no início do século chegava a 100 mil habitantes, período em que o país inteiro não ultrapassava os três milhões, atingiu os cinco milhões. Em Medellín a população supera os três milhões e meio, Cali supera dois milhões. A população rural era até meados do século 20 cerca de 75% do total do país, hoje é de menos que 32%.

Essa é fisionomia urbana da Colômbia, país urbano, multipolar com desenvolvimento regional espacialmente melhor dividido que seus vizinhos. Dentro desse quadro ainda existe a grande diversidade do país, em função das variadas regiões cada uma delas é como se fosse um país distinto com seus aspectos econômicos e sociais específicos.

A urbanização cada vez maior do país não está estruturada para atender à demanda da sua população. A presença crescente da população rural e a insuficiência de empregos nos setores secundários e terciários somados ao empobrecimento de grande parcela de seus habitantes, que empurrados para o subemprego e sem condições, aumentam os índices: de violência e mendicância. As favelas e as áreas periféricas sem as condições necessárias de saneamento básico recebem a maior parte dessas pessoas.

As áreas urbanas da Colômbia como demais países da América Latina despertam desejos e necessidades que não existiam no mundo rural, a primeira geração de refugiados de uma família tem consigo as características do viver no campo, contudo as gerações seguintes , nascidas nos centros urbanos, perdem o contato e a sincronicidade com o rural e identificados com o viver urbano buscam seu espaço nesse lugar, espaço esse que não os inclui, em nenhum nível. O refugiado urbano e seus descendentes vivem à margem do mundo urbano.

O cenário político colombiano é o palco ideal para o agravamento das causas da violência urbana: o “inchaço” das grandes e médias cidades, pobreza, crescente exclusão escolar e profissional, facilidade em adquirir armas de fogo e a presença de forças em confronto.

Um outro agravante deste quadro de violência é a crise humanitária que assola o país, onde os direitos humanos são constantemente desrespeitados.

O conflito armado do país desenrola-se principalmente no campo, contudo a população dos centros urbanos também é refém da violência generalizada que toma conta do país.

O presente quadro de violência dá condições para que a maioria da população acredite que a segurança seja a sua solução. E este é o argumento utilizado pelo governo para arma-se cada vez mais e envolver a população civil na guerra do país.

Em cidades como Bogotá e Medellín os níveis de pobreza atingem grandes patamares e as taxas de homicídio ainda são altas, apontadas como as cidades mais violentas do mundo têm buscado na inclusão do cidadão com particular atenção á educação e comprometimento do cidadão diminuírem as altas taxas pobreza, e homicídios e também prevenir a criminalidade.

Na verdade, as questões presentes tanto no campo quanto na cidade estão relacionadas. O país vive uma situação de guerra que se manifesta de várias formas, na política, na economia, na educação e nos direitos do cidadão. A violência faz parte de situações do cotidiano de forma banalizada, talvez uma das formas de reverter o atual quadro do país seja analisar e combater a sua origem.

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